Anáh Locoselli
Sou uma mulher nascida no final dos anos 60. Paulistana, filha de mãe mineira, a Maria Auxiliadora, mais conhecida como Dora, Dorinha, nunca Maria. Já meu pai, é paulistano, filho de italianos, nasceu Francisco, porém era chamado de Chico, e muitas vezes de Chico Louco.
Pois é, essa dupla deu origem a três filhos, sendo eu a mais velha. Cresci, casei e também virei mãe. Tive um bebê de bochechas rosadas, agora um homem. Gabriel, dono das bochechas cor de rosa.
Virei esposa, mãe, e pouco a pouco, fui esquecendo de mim. Até que o casamento acabou, o chão sumiu e mergulhei na depressão.
Precisando me encontrar, conheci o meditar, e me agarrei com unhas e dentes. Urgia redescobrir quem era e do que gostava.
Um insight durante a meditação me levou a rever minha alimentação. Abrindo os armários fiquei chocada ao ver que a comida de casa vinha das caixinhas do mercado, congelados e serviços de delivery. Era preciso trazer alimentos naturais, folhas verdes, abobrinhas, tomates e tudo mais que a terra dá.
Para minha surpresa, eu que era avessa à cozinha, comecei a me reconhecer neste espaço. Diante da frigideira misturando ramos de tomilho, perfumava a casa e reascendia o sorriso no rosto.
Mexendo as panelas encontrei os sabores guardados na memória do Ser. O calor do fogo aquecia o ventre, enquanto eu me apaixonava pela cozinha e por mim.
Ressignificando os conflitos internos, finalmente dava adeus a tristeza que antes me preenchia.
Insatisfeita, quis saber mais. Investiguei as ciências da mente, do corpo e terapias alternativas.
Escrevi o livro, Cozinhar e Meditar: Descobrindo os Sabores da Vida, onde conto a história de uma mulher angustiada, revelando como redescobri, por meio do cozinhar, os temperos do bem viver.
No diário jamais secreto, registrei estudos, pensamentos e receitas.
Não existiam mais Marias, mas sim a Maria de cabelo escuro, olhar atravessado, com ruga no centro da testa. Que assim como eu, cansada de sofrer, pedia ajuda para encontrar o caminho de volta. De volta aos tempos em que chorava de rir.
O inesperado se fez, passei a receber ao redor da mesa de cozinha. Mulheres descontentes.
A tristeza escondida se mostrava diante do espelho e roupas cada vez mais justas, dos pensamentos falantes que as faziam pequenas e incapazes como mãe, mulher ou profissional.
Entre legumes e verduras, medos, dúvidas e angústias são cozidos e transformados. O sabor surge no brilho dos olhos que encontram a beleza em Ser quem são.
Habitar a cozinha também é habitar o corpo. Um corpo que pede para ser visto, cuidado, amado.
Assim nasceu a Alimentação Integrativa, uma terapia para corpo e alma.
Além dos atendimentos individuais, presenciais ou on-line, mantenho uma base de receitas e aulas on-line, compartilhando com você verdadeiras delícias, te apoiando e inspirando a encontrar, através da Alimentação Integrativa, um movimento de auto apreciação e autocuidado.